Criança morre alvejada após a garantia de segurança pelo governo
Em pleno período de tensões sociais decorrentes da crise pós-eleitoral, com manifestações contínuas nas ruas de Maputo e outras cidades, o governo moçambicano determinou a reabertura das escolas, mas sem assegurar a segurança e proteção necessárias para os alunos. Esta decisão revelou-se fatal, com a morte de uma criança alvejada pela polícia enquanto regressava da escola, num episódio trágico que ocorreu no bairro de Magoanine, em Maputo, onde houve confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Outro incidente foi registado no bairro de Chamanculo, onde uma mãe e o seu filho foram baleados nas proximidades de uma manifestação. Ambos foram atingidos enquanto passavam por uma área onde a polícia disparava para dispersar manifestantes que protestavam contra os resultados eleitorais.
Em Tete, na Escola Básica Castro Teófilo, alunos foram forçados a fugir desordenadamente tanto de manifestantes quanto da polícia, que efectuava disparos indiscriminados nas proximidades. Este clima de insegurança contrasta com as declarações do porta-voz do Ministério da Educação, que, no dia anterior, exortou os pais a enviarem os seus filhos à escola, assegurando que o governo garantiria a sua proteção.
Hoje, as cidades de Maputo e Matola encontram-se num estado de caos, com manifestações espalhadas por vários bairros. O comércio, que dava sinais de retomar à normalidade, voltou a fechar devido ao reacender das manifestações, algumas das quais evoluíram para actos de violência.
A relação entre a polícia e a população está cada vez mais tensa. Na baixa de Maputo, um grupo de manifestantes, incluindo membros da comunidade muçulmana e grupos de origem indiana, foi dispersado com gás lacrimogéneo. Noutra área, na avenida Mao-Tse-Tung, perto de Sommerschield, registou-se mais uma intervenção da polícia, que disparou em direcção aos manifestantes.
O líder do partido PODEMOS, Albino Forquilha, que ficou em segundo lugar na contagem oficial de votos, liderou hoje uma manifestação pacífica, mas esta foi prontamente dispersa pela polícia com gás lacrimogéneo e munições reais.
Espera-se que os próximos dias sejam de grande tensão em Moçambique, particularmente na quinta-feira, dia 7, quando Venâncio Mondlane, candidato derrotado nas últimas eleições, convocou uma "mega marcha" em Maputo, com uma adesão estimada em cerca de quatro milhões de pessoas, segundo as suas declarações.