Possível saída de Ossufo Momade levanta especulações sobre regresso de Venâncio

O mandatário da Renamo, Geraldo Carvalho, não desmentiu as informações que circulam sobre uma possível renúncia de Ossufo Momade, actual líder do partido, preferindo deixar o pronunciamento oficial para a Comissão Nacional do partido, que deverá abordar o assunto nos próximos dias. Carvalho falou sobre o tema numa conferência de imprensa realizada hoje na sede da Renamo.

Outubro 30, 2024 - 18:46
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“O presidente está a trabalhar normalmente, mas acredito que a Comissão Nacional do partido vai se pronunciar”, declarou Carvalho. A posição de Carvalho marca uma mudança na abordagem da Renamo, após o porta-voz Marcial Macome ter negado categoricamente, numa entrevista anterior à Torre.News, que Momade estaria a considerar a renúncia.

A situação interna na Renamo surge num contexto de especulações sobre um possível retorno de Venâncio Mondlane ao partido. Mondlane, antigo membro da Renamo, desertou e concorreu como candidato presidencial independente pelo partido PODEMOS nas últimas eleições, onde este partido conseguiu ultrapassar a Renamo, assumindo o estatuto de maior partido da oposição. Esta hipótese de um regresso de Mondlane está a ganhar atenção dentro do partido, que enfrenta agora a necessidade de reposicionar-se politicamente após os resultados eleitorais desfavoráveis.

Durante a conferência de imprensa, Carvalho repudiou também a actuação do ex-militante Vitano Singano, que, segundo ele, tem procurado obter informações sobre os efectivos e desmobilizados da Renamo. “Vitano Singano não tem competência de falar sobre os guerrilheiros ou sobre os desmobilizados da Renamo”, afirmou Carvalho, acrescentando que membros de comando do partido têm manifestado desagrado com a conduta de Singano.

Nas eleições gerais deste ano, a Renamo viu o seu papel na oposição enfraquecido ao perder para o PODEMOS o estatuto de maior partido opositor. No entanto, segundo Carvalho, o partido acredita ter vantagem em duas províncias, o que poderá garantir a eleição de governadores. Mesmo assim, a Renamo enfrentou uma redução drástica no número de assentos na Assembleia da República, passando de um histórico de 117 assentos em 1999 para apenas 20 na próxima legislatura.

Com o pior desempenho eleitoral da sua história, a Renamo encara agora uma fase de incertezas e possíveis mudanças de liderança, o que poderá abrir espaço para o retorno de figuras dissidentes como Venâncio Mondlane, enquanto busca reposicionar-se no cenário político moçambicano.