Produção de cereais: Moçambique quer firmar parceria com Zimbábwe

A pretensão foi expressa, esta sexta-feira (19), pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, na deslocação a uma farma em Gweru, no âmbito da visita oficial de Estado, de três dias, ao país vizinho.

Nyusi manifestou este interesse depois de ouvir, do seu homólogo zimbabweano, Emmerson Mnangagwa, a informação de que este país está quase a atingir a auto-suficiência na produção e consumo de trigo e fertilizantes para o sector agrícola.

O Chefe de Estado considera a experiência zimbabweana uma referência ao nível do continente, e acredita que a parceria com este país pode reduzir a importação de trigo em Moçambique.

“O presidente Mnangagwa, meu caro irmão, está a liderar com exemplo nesta área de produção. Por vezes, dissemos que vamos produzir milho, soja, trigo, mas, para podermos criar estas facilitações, precisamos conhecer muito bem estas áreas de produção. Ele está muito bem. Praticamente esta é uma farm-escola para as pessoas aprenderem”, disse o estadista moçambicano.

Por indicação de Nyusi, elementos da comitiva presidencial moçambicana visitaram campos de cultivo de trigo e milho, de cerca de 1.200 hectares, na província de Machonaland West.

A delegação moçambicana ficou a saber que os produtores de trigo do Zimbabwe têm 800 hectares disponíveis para o treinamento de agricultores moçambicanos em técnicas de produção daquele cereal.

Segundo o presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura, Economia e Ambiente, Momed Juízo, que integra a delegação presidencial, quanto mais países africanos abraçarem a produção de trigo, o continente sairá a ganhar.

Nos últimos anos, os preços de trigo e fertilizantes no mercado internacional têm registado subidas vertiginosas, influenciadas pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dois dos principais produtores mundiais de cereais e adubos para a agricultura.

Devido à situação, Moçambique tem vindo a ensaiar uma série de técnicas visando o aumento da produção e produtividade do trigo, através da introdução de novas variedades e incremento das áreas de cultivo deste cereal.

Em Setembro último, o governo anunciou a conclusão, com sucesso, do processo de investigação científica das sementes adequadas e a definição das variedades com elevado potencial.

As equipas de pesquisadores do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) concluíram a identificação de variedades produtivas a serem adoptadas para as condições agro – ecológicas do país.

Com o início da produção de trigo nas províncias de Tete e Niassa, o governo pretende reduzir o défice deste cereal e a dependência de importação, bem como garantir a autossuficiência a nível nacional.

Os próximos passos são a libertação da variedade e disseminação desta tecnologia, que passará pela multiplicação de sementes e treinamento dos extensionistas e produtores para massificação da sua produção.

O Presidente da República deixou o Zimbabwe, ainda sexta-feira, de regresso a Maputo.

Moçambique mantém fortes laços de cooperação histórica, económica e social com o Zimbabwe.