SIMO Rede deixa utentes sem dinheiro no meio do caos social e político
Num momento em que Moçambique enfrenta uma grave crise social e política, com manifestações e bloqueios a dificultarem a mobilidade, a Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO Rede) regista falhas no sistema que têm deixado os utentes sem acesso ao seu dinheiro. As interrupções afectam especificamente as transferências de dinheiro entre bancos e carteiras móveis, como Mpesa, Emola e Mkesh, serviços essenciais para muitos cidadãos nesta conjuntura de instabilidade.
As falhas, detectadas desde ontem, surgem num contexto em que os moçambicanos dependem crescentemente das carteiras móveis para despesas diárias, devido ao bloqueio das estradas e à dificuldade de acesso às caixas automáticas. A impossibilidade de realizar transferências agravou os transtornos para milhares de utentes, já pressionados pela crise política e social em curso.
Fontes ligadas aos bancos comerciais confirmaram o problema, relatando um aumento significativo no número de queixas de clientes, tanto presencialmente como através das linhas de atendimento. Apesar de outros serviços da SIMO Rede estarem a funcionar normalmente, a interrupção nas transferências para carteiras móveis tem gerado frustração generalizada, num momento em que esses sistemas são críticos para a subsistência de muitas famílias e para a manutenção da economia informal.
Esta não é a primeira vez que a SIMO Rede enfrenta falhas técnicas. Problemas semelhantes ocorreram no início e a meio deste ano, afectando levantamentos e transacções financeiras em todo o país. Na altura, Raimundo Matwhassa, administrador-executivo da SIMO Rede, atribuiu as falhas a questões tecnológicas e apelou aos bancos comerciais para que investissem em sistemas compatíveis, afirmando que seria necessário maior flexibilidade entre todos os intervenientes.
As falhas recorrentes já haviam levado a Confederação das Associações Económicas de Moçambique a exigir a suspensão da Rede Única Nacional de Pagamentos Electrónicos, argumentando que as interrupções estavam a causar prejuízos significativos em sectores como hotelaria e restauração, que reportaram perdas diárias devido à incapacidade de receber pagamentos electrónicos.
Tentativas de contactar a Sociedade Interbancária de Moçambique e Associação dos Bancos de Moçambique, redundaram em fracasso.