Tanzânia recebe tropas chinesas e americanas para blindar suas fronteiras contra terrorismo de Cabo Delgado
A Tanzânia, vizinha de Moçambique, firmou um acordo militar com os Estados Unidos da América (EUA) e a China para reforçar a protecção de suas fronteiras contra a ameaça terrorista, alegadamente oriunda de Moçambique.
Enquanto ainda se aprimoram os detalhes para o desembarque do exército americano, as tropas chinesas já se encontram em Dar es Salaam, capital tanzaniana, para exercícios militares conjuntos com o mesmo propósito.
Desta forma, o país que faz fronteira com Moçambique a partir da província de Cabo Delgado, zona norte, posiciona-se com fortes aliados para rechaçar qualquer tentativa de insurgência proveniente de Cabo Delgado.
A opção de Dar es Salaam de se aliar a potências militares visa evitar que o conflito prolongado entre elementos rebeldes, apoiados pelo Estado Islâmico, e as forças armadas moçambicanas na província norte de Cabo Delgado se espalhe para além da fronteira do rio Rovuma, que separa os dois países.
“Nós acreditamos que existem oportunidades para fortalecer a nossa parceria de segurança para ajudar a lidar com os desafios terroristas na fronteira sul da Tanzânia”, disse John Bass, subsecretário interino para assuntos políticos do Departamento de Estado dos EUA, em Dar es Salaam, na quarta-feira, ao concluir uma viagem àquele país.
Enquanto se protege ao mais alto nível, Moçambique continua fiel às suas convicções de que a solução de Cabo Delgado está com Paul Kagame, com quem Filipe Nyusi assinou acordos secretos para a entrada do exército ruandês no país para travar a propagação do terrorismo.
Devido a desconfianças no teatro operacional, a tropa da SADC já abandonou o país, e o espaço deixado está a ser preenchido pela chegada de mais tropas ruandesas, à luz de entendimentos feitos por baixo da mesa.
O incremento dessa tropa em solo pátrio acontece numa altura em que Paul Kagame é rotulado pela crítica internacional como “faca de dois gumes”, justamente pelo Ruanda apoiar um grupo rebelde que desestabiliza a República Democrática do Congo.
A presença ruandesa em Moçambique gera receios na região devido ao seu envolvimento em conflitos no Leste do RDC e em negócios através da empresa Crystal Ventures.
Refira-se que os Estados Unidos da América (EUA), detentores de um exército robusto com um orçamento anual de 916 mil milhões de dólares, antes de fechar acordo com a Tanzânia manifestaram interesse em apoiar o exército moçambicano no combate ao terrorismo.
Esta proposta, feita em finais de 2021, ainda não recebeu uma resposta oficial de Moçambique. Apesar disso, os americanos mantêm a sua disponibilidade para ajudar.
Inicialmente, Nyusi disse aos moçambicanos que a presença ruandesa não acarretava nenhum custo, que era feita na base de ajuda mútua. Mas, nos últimos dias, os sinais apontam para um negócio milionário.
Para além dos 20 milhões de euros, que está em discussão para ser elevado para 40 milhões de euros pela União Europeia pela presença ruandesa em Cabo Delgado, recentemente, uma empresa de segurança daquele país assinou contratos avaliados em 1.5 bilhões de dólares para proteger os interesses da TotalEnergies na base logística de Afungi, onde a petroquímica vai explorar o gás natural.
Enquanto o poder político moçambicano toma decisões em função de interesses de indivíduos, ignorando a ameaça que o terrorismo representa, já desembarcaram na Tanzânia navios de guerra chineses ao porto de Dar es Salaam, transportando tropas para combater o terrorismo tanto em terra como no mar.
A insurgência já causou mais de 4.000 mortes e deslocou 946.000 pessoas desde 2017 em Moçambique. A crise humanitária em Cabo Delgado tem-se intensificado com a violência, deslocando mais de 80.000 pessoas apenas em 2024.