Três anos depois: SAMIM deixa Cabo Delgado ainda debaixo de fogo

Após três anos de uma actuação quase "inglória", a avaliar pelo seu desempenho no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado, no norte do país, a missão militar da SADC (SAMIM) chegou ao fim esta quinta-feira.

Julho 5, 2024 - 12:15
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Três anos depois: SAMIM deixa Cabo Delgado ainda debaixo de fogo

As tropas militares da SAMIM chegaram ao país em 2021 para prestar ajuda no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, uma zona que vive essa instabilidade militar desde Outubro de 2017, quando ocorreu o primeiro ataque terrorista.

O ministro Cristóvão Chume reconheceu que alguns ataques terroristas ainda prevalecem, com registo de incursões esporádicas, que criam pânico na população.

“Apesar dos progressos alcançados no combate ao terrorismo, há movimentações e ataques esporádicos dos terroristas que criam sentimento de insegurança, instabilidade no seio da população”, afirmou.

No encerramento oficial das operações da SAMIM nesta província do norte do país, centenas de armas de diferentes calibres, munições, rádios de comunicação e material informático foram entregues ao governo pelo comandante da missão.

Recorda-se que só este ano mais de 80 mil pessoas foram forçadas a fugir após ataques de grupos armados em vários distritos de Cabo Delgado.

No Relatório da Avaliação Nacional dos Riscos de Financiamento do Terrorismo, o governo moçambicano refere que a "taxa de actos terroristas em análise anual comparativa foi 'média' para os anos de 2017 e 2018, alta em 2019, muito alta nos anos 2020 e 2021, alta em 2022 e média em 2023".

"No mesmo período, a taxa de mortalidade, resultante de ataques indiscriminados à população em 2017 e 2018, foi 'média', entre 2019 a 2022 'muito alta', estando acima de 250 mortos por ano.

Actualmente, a tendência é decrescente, tendo baixado para menos de 100 mortos em 2023, classificando-se como 'média'", lê-se no relatório. No mesmo relatório, refere-se que no período de 2019 a 2020 registaram-se mais de uma centena de ataques em Cabo Delgado.

O ministro da Defesa de Moçambique agradeceu o apoio da SAMIM. Cristóvão Chume indicou que com a ajuda dos países da região, foi possível destruir bases terroristas e permitir o regresso das populações deslocadas às regiões de origem.

“Importa reiterar os progressos significativos que alcançámos, contando com o engajamento da SAMIM: a destruição das bases dos terroristas, a redução dos ataques dos terroristas, o retorno ao normal funcionamento das instituições públicas e privadas, a retoma do desenvolvimento das actividades económicas e sociais, a livre circulação de pessoas e bens, o retorno gradual das populações às suas zonas de origem…”, enumerou.

Ao mesmo tempo, o ministro Cristóvão Chume reconheceu que alguns ataques terroristas ainda prevalecem, com registo de incursões esporádicas, que criam pânico na população.

“Apesar dos progressos alcançados no combate ao terrorismo, há movimentações e ataques esporádicos dos terroristas que criam sentimento de insegurança, instabilidade no seio da população”, sublinhou.

A retirada da SAMIM marca o fim de uma era de cooperação militar na região, mas deixa claro que o combate ao terrorismo em Cabo Delgado está longe de ser concluído.