Trump sanciona UE e reforça aliança com Putin

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifas de 25% sobre as importações da União Europeia (UE), com foco no sector automóvel, aprofundando a crise nas relações transatlânticas e aproximando-se ainda mais da Rússia de Vladimir Putin. A medida, justificada por Trump como uma resposta ao alegado favorecimento europeu contra os interesses comerciais americanos, marca uma nova fase de hostilidade económica e política entre Washington e Bruxelas.

Fevereiro 27, 2025 - 16:19
 0

Enquanto os líderes europeus condenam a decisão e prometem retaliar, Trump optou por adiar até 2 de Abril a aplicação de tarifas semelhantes ao Canadá e ao México, após concessões destes países em áreas como gestão fronteiriça e combate ao tráfico de fentanil. A decisão revela um padrão claro da administração americana: penalizar a Europa enquanto fortalece alianças estratégicas fora do eixo tradicional ocidental. 

A reeleição de Trump acentuou o distanciamento dos Estados Unidos em relação à Europa, um processo agora impulsionado pela sua crescente proximidade com a Rússia. No seu segundo mandato, o Presidente americano tem promovido uma reconfiguração da ordem global, desmantelando o multilateralismo e favorecendo uma divisão do mundo em esferas de influência, num modelo reminiscentes dos acordos de Yalta. 

A decisão de abandonar o apoio à Ucrânia e procurar uma aproximação com Putin gerou profundo descontentamento na Europa, sobretudo em França e no Reino Unido, que veem na nova política externa americana um risco directo à segurança europeia. A subjugação de Kiev aos interesses russos e o enfraquecimento da NATO fazem parte do novo tabuleiro geopolítico traçado por Trump, que aposta numa aliança pragmática com Moscovo para redesenhar o equilíbrio de poder mundial. 

O Vice-Presidente dos EUA, JD Vance, tem reforçado essa retórica, criticando abertamente a política migratória europeia e os valores liberais predominantes nos governos do continente. Em resposta, líderes europeus reafirmaram o compromisso com a democracia e os direitos humanos, enquanto procuram fortalecer a autonomia estratégica da UE diante do colapso das relações com os Estados Unidos. 

Além das implicações políticas, a ofensiva comercial americana coloca um desafio económico directo à UE. As novas tarifas visam aumentar a pressão sobre os mercados europeus e obrigar Bruxelas a ceder a exigências de Washington, que pretende um modelo transaccional de relações bilaterais. Para mitigar os impactos, a União Europeia já discute estratégias como reforçar parcerias comerciais com a China e diversificar o fornecimento de produtos estratégicos. 

A resposta europeia passa ainda pela necessidade de acelerar a construção de um sistema de defesa independente, reduzindo a dependência militar dos EUA. No entanto, as divisões internas dentro da UE e a ascensão de forças ultranacionalistas tornam o processo complexo e moroso. 

Com a imposição de tarifas contra a UE e a aproximação com Putin, Trump redefine a ordem global, obrigando a Europa a reposicionar-se num cenário internacional cada vez mais volátil. A União Europeia enfrenta agora um teste decisivo: reorganizar-se para garantir a sua autonomia ou aceitar um papel secundário num mundo em que os EUA e a Rússia moldam as regras do jogo.