ANAC e PPF travam a devastação florestal na Ilha de Inhaca
A Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e o seu parceiro estratégico da conservação, Peace Parks Foundation (PPF), ofereceram 14 fornos à gás ao mesmo número de panificadores da Ilha de Inhaca, cidade de Maputo, que devastavam as florestas com o abate indiscriminado das espécies nativas para a extração de lenha utilizada na produção do pão.
Para além do abate insustentável de extensas áreas do mangal do lado da ilha, com todos os riscos que isso acarreta para o ambiente e ecossistema marinho, do lado da Salamanca, zona detentora de maiores dunas vegetais do mundo e contida no PNM e na Área de Proteção de Uso Sustentável de Maputo, também se debate com o fenômeno de construção de habitações ao longo da primeira linha da costa, justificado pelo crescimento demográfico.
A entrega formal dos fornos foi feita, semana finda, na Ilha de Inhaca, pelo administrador do Parque Nacional de Maputo, área de conservação na qual a ilha faz parte, Miguel Gonçalves, na presença do Edil da Cidade de Maputo, Enéas Comiche, e do gestor de programas comunitários da PPF a nível do parque, Mateus Bila.
Para a materialização do desiderato, Bila revelou que foram investidos 30 mil euros, que conta com singela comparticipação dos 14 panificadores beneficiários.
Segundo a fonte, o que acelerou a intervenção foi o facto das comunidades e as panificadoras, em particular, estarem a avançar drasticamente na extração do combustível lenhoso, através da devastação florestal acelerada, fenômeno que, a médio e longo prazos, teria impacto nefasto para a conservação no parque.
'Esse apoio significa uma viragem na abordagem da conservação. Durante o processo de re-categorização de reserva para o PNM, identificamos desafios ligados a desmatamento. As comunidades recorriam demasiadamente ao mangal e achamos que era importante que elas migrassem do uso da lenha para energias limpas. Por isso encontramos a solução dos fogões a gás', disse.
Ainda na ilha de Inhaca, a fonte assegurou que o consórcio de financiadores das áreas de conservação transfronteiriças, liderado pela PPF, aprovou um programa de preservação de ecossistemas e diversificação de meios de vida, uma iniciativa avaliada em oito milhões de euros, cuja implementação arrancou semana finda com duração de cinco anos.
'O mandato da PPF é a conservação, mas fora isso, também temos a missão de trazer meios de vida para as comunidades não ficarem a depender apenas da pesca aqui na ilha', vincou.
Para o administrador Miguel Gonçalves, o que o PNM e PPF estão a fazer está dentro das suas responsabilidades para com o ambiente, numa altura em que a pressão feita à vegetação pela procura de lenha estava a ganhar contornos insustentáveis para a ilha, daí que, junto das comunidades e a vereação local, através de um trabalho coordenado, foi encontrada uma solução para o problema.
'Como sabem, as panificadoras estavam muito dependentes da lenha, com todas as consequências que isso tem. De facto, era uma grande preocupação' disse o administrador do PNM.