Bancos moçambicanos com elevados níveis de crédito malparado na SADC

Os bancos comerciais moçambicanos registaram elevados níveis de crédito malparado em 2021 em comparação com países da África Austral.

Julho 25, 2022 - 22:49
Julho 29, 2022 - 00:04
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Em 2021 o sector bancário nacional, que domina a prestação de serviços financeiros, permaneceu sólido, estável, lucrativo e líquido, mas os níveis de crédito malparado (NPL, sigla em Inglês) continuaram elevados. Neste aspecto, os bancos moçambicanos destacam-se dos demais países da região da África Austral, revela o Banco de Moçambique.

 

No relatório de Estabilidade Financeira referente ao ano de 2021, o regulador do sistema financeiro nacional começa por referir que os níveis de capital e liquidez dos bancos que operam no país estão acima dos requisitos regulamentares. Por conseguinte, no período em análise, os riscos de rendibilidade, solvência e de liquidez permaneceram baixos.

 

“No entanto, o risco de crédito continua a ser uma preocupação devido ao alto índice de inadimplência do crédito [crédito malparado ou em incumprimento], que tem estado a contribuir para a deterioração da qualidade dos activos”, lê-se no documento.

 

Em contrapartida, num outro desenvolvimento, o Banco de Moçambique afirma que no período em análise, a qualidade dos activos totais da banca (avaliados em 814.4 biliões de Meticais), medida pelo NPL, permaneceu relativamente inalterada e acima do nível convencional que é de 5%. Precisamente, a instituição apontou que em 2021, o NPL foi de 10,60%, contra 9,83% do período homólogo de 2020.

 

“Comparativamente a alguns países da região Austral, o nível de incumprimento em Moçambique é mais elevado”, refere o relatório do Banco de Moçambique. Para fundamentar a afirmação, o Banco Central ilustra que, ESwatini, Namíbia, Zâmbia, Malawi, Botswana, Maurícias e África do Sul têm níveis de NPL abaixo de Moçambique, de 7.7%, 6.8%, 5.8%, 5.4%, 4.2%, 5.3% e 5.2%, respectivamente.

 

“O NPL poderia ter um valor mais expressivo se o BM, a fim de salvaguardar a estabilidade financeira e atenuar o impacto da Covid-19 no sector bancário, não tivesse concedido uma autorização excepcional de não constituição de provisões adicionais pelas ICSF [Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras], nos casos de renegociação dos termos e condições dos empréstimos, antes do seu vencimento, para os clientes afectados por esta pandemia”, sublinha o Relatório.

 

No final, o Banco de Moçambique apela aos bancos comerciais para assegurarem prudência e diversificação na concessão de crédito, pois activos de má qualidade e concentração de aplicações podem acarretar problemas de insolvência, comprometendo expectativas de crescimento, competição e continuidade da instituição de crédito.