Carige assume papel de protagonista e ataca problemas estruturais do país
Durante as celebrações dos 117 anos da elevação da Cidade da Beira à categoria de cidade, o presidente do município, Albano Carige, membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), fez um discurso que foi além das fronteiras locais, criticando duramente o governo central pela gestão dos problemas estruturantes do país, em particular a crescente onda de raptos.
Carige aproveitou a ocasião para abordar o impacto negativo dos raptos na economia nacional, comparando-os a uma situação onde "os raptores escolhem as suas vítimas como se estivessem a escolher galinhas numa capoeira". Esta crítica contundente visou directamente o partido no poder, a Frelimo, e destacou a percepção de insegurança crescente no país.
Enquanto o líder do MDM, Lutero Simango, tem mantido um perfil mais discreto, Carige tem emergido como uma voz activa dentro do partido, reacendendo o debate político e criticando a ausência de uma resposta eficaz do governo face aos problemas de segurança.
Além dos raptos, Carige expressou solidariedade com os profissionais de saúde e magistrados, que têm lutado pelos seus direitos face ao que considera ser uma negação persistente por parte do governo.
O edil da Beira também alertou para as consequências económicas da insegurança, sugerindo que o aumento dos crimes e a saída de empresários do país estão a agravar o desemprego e os problemas financeiros nacionais.
Ele concluiu o seu discurso com um apelo à governação baseada em princípios religiosos, instando o governo a colocar Deus à frente das suas decisões para uma gestão sábia e próspera do país.
Críticos em Moçambique têm apontado que Carige poderia ter sido uma escolha forte para representar o MDM nas eleições presidenciais de 9 de Outubro, ao contrário do candidato oficial, Lutero Simango.
O cenário é semelhante ao enfrentado pela Renamo, que nomeou Ossufo Momade como candidato, uma figura que também enfrenta questionamentos tanto dentro do partido como na sociedade em geral.
A situação da Renamo foi ilustrada recentemente quando António Muchanga, um quadro sénior do partido, se ofereceu para falar publicamente em nome de Ossufo Momade, indicando as fragilidades percebidas na liderança actual da Renamo e aumentando o debate sobre a escolha de candidatos nas redes sociais e na opinião pública.
