Manifestações em Moçambique impacta economia sul-africana com perdas de 10 milhões de rands por dia

As sucessivas perturbações no funcionamento normal da Fronteira de Ressano Garcia devido as manifestações resultantes da crise pós-eleitoral em Moçambique, a Associação sul-africana de Transporte e Ferrovia estima que o encerramento da fronteira custou à economia sul-africana pelo menos 10 milhões de rands (aproximadamente 550 mil dólares) por dia.

Novembro 14, 2024 - 15:20
Novembro 14, 2024 - 15:56
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Manifestações em Moçambique impacta economia sul-africana com perdas de 10 milhões de rands por dia

Devido a onda de manifestações, África do Sul viu-se obrigada em algum momento a fechar o lado da fronteira de Lebombo com Moçambique, situação que esta a causar prejuízos enormes tendo em conta que o país vizinho, utiliza o porto de Maputo para algumas das suas exportações e o encerramento resultou em camiões de transporte de minerais retidos.
O Conselho de Minerais da África do Sul estima que 53% do minério de cromo exportado pelo país em 2023 foi através de Maputo, olhando para o funcionamento normal da fronteira de Ressano Garcia como fundamental para a economia daquele país vizinho. 
Face a situação, o governo sul-africano manifestou preocupação com a violência pós-eleitoral em curso em Moçambique, apelando as partes envolvidas a utilizarem os canais legais estabelecidos para resolver as suas contendas relacionadas com as eleições.
“A violência pós-eleitoral em curso é preocupante, e todas as partes descontentes devem esgotar os recursos legais disponíveis para resolver as suas queixas eleitorais e continuar a construir sobre as bases de paz estabelecidas pelo Acordo de Maputo para a Paz e Reconciliação Nacional,” disse a Ministra da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni, durante um briefing pós-reunião de gabinete, havida ontem, quarta-feira, num dia em que a fronteira de Ressano Garcia voltou a estar intransitável devido as manifestações.
O governo sul-africano, explicou que representantes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da União Africana (UA) estiveram presentes durante as eleições em Moçambique e que essas entidades indicaram que, apesar de alguns percalços, as eleições foram geralmente livres.
“É opinião da África do Sul que todas as partes insatisfeitas com os resultados das eleições, como aconteceu na África do Sul, devem utilizar os canais apropriados. As partes em Moçambique devem apresentar as suas queixas e provas de descontentamento através do conselho constitucional e permitir que este órgão decida sobre a questão. Há um período designado para isso.”, vincou a ministra sul-africana.
Do lado moçambicano, as autoridades, concretamente as alfândegas, já vieram ao público, reportar perdas na ordem de 1.5 mil milhões de meticais por dia, desde que a crise de manifestações atingiu a fronteira em alusão, que liga Moçambique e África do Sul.
No total, as Alfândegas de Moçambique dizem ter perdido cerca de 4 mil milhões de meticais de cobranças na Fronteira de Ressano Garcia, província de Maputo, desde a eclosão das manifestações na semana passada.
Refira-se, Moçambique devido a sua localização geográfica, joga papel fundamental para o comércio regional na África Austral, partilhando fronteiras com a África do Sul, Tanzânia, Malawi, Zâmbia, Zimbabué e Eswatini, factor que faz com que, qualquer instabilidade no país pode transbordar para as suas fronteiras e criar problemas para os seus vizinhos.
Vários analistas políticos, nacionais e internacionais, que apoiavam as causas de luta do Venâncio Mondlane, consideram que as medidas da quarta etapa, sobretudo que visam a subversão da ordem, afectando directamente a economia do país e da região, foram mal calculadas, tendo em conta o potencial que a sua causa não seja apoiada a nível da região.
No entanto, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) realizará uma cimeira de 16 a 20 de Novembro em Harare para discutir a situação em Moçambique, e se avaliar pelo impacto que as medidas da quarta etapa tem para os países vizinhos, há todas condições para que o seu movimento contestatário seja considerado tentativa de golpe de Estado.