Malawi e Zâmbia suspendem importações de combustíveis via Porto da Beira
A Zâmbia e o Malawi decidiram suspender temporariamente as importações de combustível através do porto da Beira, em Moçambique, devido à instabilidade provocada pelas manifestações pós-eleitorais que eclodiram nos últimos dias. A situação ameaça agravar a já frágil disponibilidade de combustíveis na região, especialmente no Malawi.
De acordo com Raymond Likambale, porta-voz da Companhia Nacional de Petróleo do Malawi, citado pela Rádio Moçambique, a agitação em Moçambique forçou uma mudança nas rotas de importação. O Malawi passará a importar combustível através do porto de Dar es Salaam, na Tanzânia, apesar da distância ser significativamente maior em comparação com a Beira. A alternativa aumentará os custos e prolongará os prazos de entrega.
A Zâmbia também adoptou medidas de precaução. Segundo o diário independente O País, a empresa Puma Energy Zambia instruiu os seus camiões em Moçambique a estacionarem em locais seguros, enquanto se aguarda por um desfecho mais estável da crise.
A alteração das rotas de importação já está a ter impacto directo no Malawi. Likambale alertou que a escassez de combustível, particularmente na cidade de Blantyre, no sul do país, poderá agravar-se devido à dependência adicional das importações via Tanzânia. Apesar disso, um milhão de litros de diesel já está a caminho do Malawi a partir do porto de Nacala, no norte de Moçambique. Contudo, a capacidade de transporte ferroviário no Corredor de Nacala encontra-se limitada, uma vez que um comboio de carga foi incendiado por manifestantes na última terça-feira.
De acordo com a Autoridade Reguladora de Energia do Malawi, em condições normais, o país importa cerca de 50% do seu combustível através do porto da Beira, 20% via Nacala e 30% por Dar es Salaam. A suspensão das operações no porto da Beira representa um desafio significativo para a logística de abastecimento de combustíveis no Malawi e na Zâmbia.