Manifestação contra fraude: Renamo fala em mais de 250 detidos em Nampula e Maganja da Costa e acusa Polícia de aterrorizar população do Centro e Norte do País

A Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, acusa a Polícia da República de Moçambique (PRM) de atacar sistematicamente de forma violenta e brutal os seus membros em todo o país, com particular destaque para as zonas Norte e Centro, onde alega haver ordens expressas para reprimir e matar. Na quarta-feira, 6 de Dezembro, a Renamo foi à rua, para protestar contra a fraude, na Cidade de Nacala e na Vila Autárquica da Maganja da Costa. Em Nampula a macha foi interrompida e detidas mais de 250 pessoas. Na Maganja da Costa foram detidas 45 pessoas.

Dezembro 8, 2023 - 01:35
Dezembro 8, 2023 - 03:45
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Manifestação contra fraude: Renamo fala em mais de 250 detidos em Nampula e Maganja da Costa e acusa Polícia de aterrorizar população do Centro e Norte do País

A informação foi divulgada hoje, em conferência de imprensa, pelo porta-voz do partido, José Manteigas, que fez uma análise da actuação da Polícia contra os membros da Renamo nas vésperas da votação de 10 de Dezembro, de acordo com a decisão do Conselho Constitucional.

 

 “A Renamo tem acompanhado com preocupação  a violência recorrente e brutal que a Polícia da República de Moçambique tem perpetrado um pouco por todo o país contra os membros da Renamo. A violência sempre tem culminado com lançamento de gás lacrimogénio cujas consequências são detenções e baleamentos”, disse José Manteigas. E acrescentou que os agentes da corporação actuaram mais uma vez com “requinte criminoso nas autarquias da cidade de Nampula e na Vila da Maganja da Costa com o objectivo de impedir o exercício do direito à manifestação”.

 

“Em Nampula um agente do GOE (Grupo de Operações Especiais) terá se infiltrado na marcha da Renamo e uma vez neutralizado os outros agentes invadiram as instalações da sede política da Renamo com gás lacrimogêneo e disparos contra membros”, disse, e explicou que na sequência foram detidas fora do flagrante delito “mais de duas centenas de cidadãos.” O mesmo segundo José Manteigas teria acontecido na Vila da Maganja da Costa, onde a Polícia lançou gás lacrimogéneo contra cidadãos que marchavam pacificamente com o objectivo de impedir o exercício do direito à manifestação.

 

“Foram detidos cerca de 48 cidadãos, dos quais quatro em pleno tratamento hospitalar por lesões por consequência do gás lacrimogéneo”, denunciou o também deputado da Renamo. Para a Renamo, os agentes da Polícia destacados para a zona Centro e Norte parece que “têm ordens expressas para reprimir, torturar e matar cidadãos das zonas Centro e Norte”

 

 

 No caso de Nampula, tudo começou quando os guardas de segurança da Renamo prenderam duas pessoas por alegadamente serem agentes à paisana, que espionavam as manifestações do partido. Na sequência, um dos homens assumiu-ae de facto como agente da Polícia e a Renamo libertou-o, e o segundo negou ser membro da Polícia, mas, do interrogatório aleatório, chegou-se a conclusão de que era um agente do GOE e que, de fato, acompanhava as manifestações desde o seu início. O membro do GOE teria enviado informações ao seu chefe, sobre o percurso das marchas e o conteúdo dos discursos proferidos pela liderança da Renamo em Nampula. “É uma pessoa que trabalha sob ordens do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), da Polícia e da Frelimo. São pessoas infiltradas pela Frelimo para manchar a imagem da Renamo”, disse Nelson Carvalho, um membro do partido a nível da província de Nmpula, na quarta-feira. Segundo a fonte, membros do GOE e da UIR (Unidade de Intervenção Rápida), invadiram os escritórios da Renamo em Nampula, onde resgataram o agente do GOE, e também detiveram contribuições de membros da Renamo.

 

 “Além das detenções, a UIR e o GOE saquearam os nossos bens, incluindo equipamentos eletrônicos, altifalantes, computadores e dinheiro. Também levaram telemóveis a vários membros da Renamo”, declarou Carvalho. Face à onda de tensão que caracteriza os dias que antecedem a realização do escrutínio na Autarquia de Nacala-Porto, em Nampula, o Comandante-Geral da Polícia, Bernadino Rafael, apelou à calma durante a repetição das eleições que se realizarão no domingo nos municípios de Marromeu, Nacala-Porto, Gurué e Milange. Falando numa cerimónia de formatura no final de um curso para sargentos na vila central de Nhamatanda, Rafael disse “não somos inimigos de nenhum partido político. Somos a favor da ordem pública. Somos a sua força policial e pedimos que colabore connosco para que a votação seja bem-sucedida”. Segundo o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulo Cuinica, falando quarta-feira em conferência de imprensa em Maputo, a repetição das eleições custará 41,4 milhões de meticais (cerca de 647 mil dólares, ao câmbio real) .