Mozambique LNG enfrenta novos atrasos: Produção de gás só em 2029
Dois estaleiros sul-coreanos adiaram para 2028 e 2029 as datas de entrega de 17 transportadores de gás natural liquefeito originalmente encomendados para o projecto Mozambique LNG, orçado em mais de 20 mil milhões de dólares norte-americanos e liderado pela petroquímica francesa TotalEnergies.
Esta informação confirma que a produção propriamente dita do gás de Cabo Delgado, através do Mozambique LNG, só poderá iniciar em 2029, caso não ocorram outros percalços ligados à segurança. Como se sabe, a exploração de gás naquela província nortenha do país está em risco devido à eclosão do terrorismo.
A encomenda sofreu atraso, mas continua em andamento, enquanto se aguarda o levantamento de força maior, cláusula invocada para a paralisação das obras de construção da base logística de Afungi, na província de Cabo Delgado, desde o ataque a Palma, a 24 de Março de 2021.
A informação é avançada pela TradeWinds, uma fonte global de informação sobre a indústria de GNL, citando os estaleiros contratados. “O lote de entrega dos transportadores de GNL de Moçambique está formalmente adiado para 2028 e 2029”, escreve TradeWinds.
De acordo com a fonte, os acordos firmados com os estaleiros do HD Hyundai Group e a Samsung Heavy Industries sobre os navios foram contratados por quatro armadores em virtude de acordos assumidos com o projecto de longo prazo e em função do cronograma de actividades reajustado pela Mozambique LNG, que deverá retomar as obras em Cabo Delgado.
Com vista a assegurar a retoma, a TotalEnergies assinou um controverso contrato bilionário com uma empresa de segurança ruandesa, ISCO. A ISCO Segurança é uma joint-venture entre a ISCO Global Limited do Ruanda e uma empresa moçambicana, cuja identidade não é conhecida, para prestar serviços de segurança em Afungi, protegendo a exploração do gás natural.
A crítica moçambicana considera que a contratação desta empresa representa um perigo para a soberania, uma vez que envolve a presença de força estrangeira no solo pátrio.
Os transportadores de GNL são navios-tanque que realizam o transporte de gás natural liquefeito das unidades de liquefação até aos pontos de regaseificação de gás natural, localizados em terra, próximos aos pontos de distribuição.
Estes transportadores são fundamentais durante o processo de produção de gás e exportação para os mercados consumidores, sendo que, este adiamento faz crer que, se o projecto regressar em breve tal como se prevê, só em 2028 e 2029 poderá arrancar com a produção propriamente dita em Afungi.
Enquanto se anuncia o atraso das encomendas do projecto da TotalEnergies, o navio do projecto Coral Sul FLNG Mozambique, operado pela italiana ENI, nas águas profundas de Cabo Delgado, atinge um marco satisfatório de produção. A fornecedora de tecnologia de liquefação Air Products afirma que Coral Sul FLNG passou no teste de desempenho.
A Air-Products, uma empresa internacional americana cujo principal negócio é a venda de gases e produtos químicos para uso industrial, fez saber que a sua tecnologia e equipamento de processamento de Gás Natural Liquefeito com dupla mistura de refrigerantes passou no teste de desempenho, atingindo uma produção superior a 3,4 milhões de toneladas por ano.
Segundo uma informação divulgada pelo site LNG Prime, a empresa reafirma a eficiência do processo.
“A eficiência do processo AP-DMR, combinada com a utilização de maquinaria aeroderivada, traduz-se numa intensidade de carbono mais baixa do que todos os outros processos de GNL em serviço flutuante”, escreve o site citando a empresa.
O órgão explica que o envolvimento da empresa com o projecto FLNG começou em 2013 com o trabalho conceptual, resultando na selecção da tecnologia e equipamento do processo AP-DMR LNG.