Países ocidentais condenam escalada de violência em Moçambique
A crise pós-eleitoral em Moçambique continua a atrair atenção e condenação internacional. O Reino Unido, Canadá, Noruega e Suíça, juntamente com os Estados Unidos, emitiram uma declaração conjunta denunciando a violência contra civis no contexto das manifestações que têm abalado o país após os contestados resultados das eleições gerais de Outubro. Os países apelaram ao fim imediato dos confrontos e à busca de uma solução pacífica.
As manifestações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, escalaram ontem para episódios de caos na cidade Maputo, com bloqueios nas principais vias, confrontos violentos e interrupção da normalidade urbana. Nas avenidas centrais de Maputo, barricadas montadas por manifestantes impediram o trânsito e forçaram milhares de pessoas a longas caminhadas entre Maputo e Matola. Em frente ao Banco de Moçambique, jovens chegaram a jogar futebol na estrada, simbolizando o controlo que assumiram das vias.
O incidente mais grave registado foi o atropelamento de um manifestante por uma viatura das Forças de Defesa e Segurança. O acto gerou indignação entre os manifestantes, resultando em confrontos directos com a polícia, que usou gás lacrimogéneo para dispersar a multidão. Nos bairros suburbanos, como Polana Caniço, Maxaquene e Xiquelene, a situação foi igualmente tensa, com relatos de trocas de pedras entre manifestantes e forças de segurança.
Organizações internacionais, como a União Europeia, também expressaram preocupação com a escalada da violência. Segundo a Plataforma Decide, pelo menos 67 pessoas perderam a vida desde o início dos protestos em meados de Outubro, enquanto inúmeros estabelecimentos comerciais e serviços públicos foram gravemente afectados.
A ausência de Venâncio Mondlane no diálogo convocado pelo Presidente Filipe Nyusi contribuiu para o agravamento do impasse político. Nyusi, que responsabilizou Mondlane pela violência, prometeu encontrar novas formas de promover o diálogo e restaurar a estabilidade.
O Reino Unido, Canadá, Noruega e Suíça sublinham a importância de Moçambique alcançar estabilidade política e social, alertando para as repercussões que a violência pode ter não só no país, mas em toda a região da África Austral. A comunidade internacional reforça o apelo para que as partes envolvidas priorizem soluções pacíficas, respeitem os direitos humanos e restabeleçam a ordem no país.