Rebanhos de elandes chegam aos parques de Maputo e Zinave
O Parque Nacional de Maputo, sul de Moçambique, recebeu ontem um grupo de 26 Elandes oriundos do Santuário Bravio de Vilanculo, província de Inhambane, no quadro da reintrodução do maior antílope africano nas áreas de conservação, depois de uma fase considerada crítica, caracterizada pelo desaparecimento da espécie devido a caça furtiva e não só.
A operação de translocação da espécie ao Parque de Maputo antecede um exercício idêntico realizado há sete dias que culminou com a reintrodução de 75 Elandes no Parque Nacional de Zinave (PNZ), província de Inhambane, sul do país, também uma doação do Santuário Bravio de Vilanculo que demonstra altos níveis de eficiência na gestão e protecção da população dos Elandes.
O exercício da translocação dos animais foi assegurado pela Peace Parks Foundation (PPF), uma organização sul-africana comprometida com a conservação em larga escala nas áreas de conservação transfronteiriças, em coordenação com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), na base de um acordo de gestão partilhada.
Em entrevista à AIM, o Administrador do parque, Miguel Gonçalves, asseverou que a chegada dos Elandes ao Parque de Maputo é o culminar de um processo de reintrodução de animais que arrancou em 2010, quando se constatou que aquela área de conservação tinha perdido a sua fauna e algumas das suas espécies extintas localmente, tendo sido alocados cerca de cinco mil animais de 11 espécies nos últimos 12 anos.
De acordo com a fonte, com o sucesso na reintrodução dos animais herbívoros, como Elandes, Girafas, Inhalas, Cudos, Fococeiros, entre outros, o desafio do parque, actualmente, passa pela garantia do equilíbrio ecológico, que significa reintrodução de animais carnívoros, nomeadamente Chitas, Leopardos e Hienas.
“Estamos satisfeitos com a chegada dos Elandes e neste momento o principal desafio que temos é garantir a vedação segura do parque, para além de ainda existirem comunidades residentes aqui dentro. Estamos a convencer os parceiros para a reintrodução das Chitas e outros carnívoros para garantir o equilíbrio”, disse Gonçalves.
Falando da operação de translocação propriamente dita, tanto de Santuário Bravio de Vilanculo para Zinave, quanto para Maputo, o gestor de projectos da PPF a nível do Parque de Maputo, Brian Neuberg, sem avançar dados sobre a verba aplicada, disse que os animais percorreram uma distância de aproximadamente 450 quilómetros por estrada até ao Zinave e acima de 800 quilómetros para Maputo.
De acordo com a fonte, o objectivo da PPF é promover a biodiversidade que, na sua visão, não depende apenas dos “Big Five” ou espécies consideradas mais emblemáticas na paisagem, mas que, o ecossistema também tem muito a ganhar com outras espécies tais como o Elande, entre outros antílopes e herbívoros.
Brian Neuberg salientou que as duas últimas translocações do Elande antecedem a uma operação recente de sucesso de alocação de rinocerontes brancos e pretos no PNZ, no quadro do programa de longo prazo de reintrodução de animais para restaurar os ecossistemas únicos nas áreas de conservação transfronteiriças.
“Com esta translocação espera-se uma população robusta de Elandes adequada à paisagem variada e rica em habitats em Maputo e no Zinave”, vincou.